Refutando a Heresia do Gênesis Alegórico à Luz da Doutrina Reformada

A interpretação alegórica do livro de Gênesis, particularmente dos capítulos 1 a 11, tem sido uma abordagem defendida por alguns grupos ao longo da história. Essa visão sustenta que o relato da criação, da queda do homem, do dilúvio e da dispersão das nações não deve ser entendido de forma literal, mas como uma metáfora ou mito pedagógico. No entanto, à luz da doutrina reformada e da autoridade das Escrituras, essa abordagem deve ser rejeitada como uma séria deturpação da revelação divina.

1. A Autoridade e a Clareza das Escrituras

A Confissão de Fé de Westminster afirma que “toda a Escritura é dada por inspiração de Deus, para ser a regra de fé e prática” (CFW 1.2). A Bíblia não apresenta Gênesis como um mito ou alegoria, mas como um relato histórico inspirado pelo próprio Deus. O princípio da perspicuidade das Escrituras ensina que a Palavra de Deus é clara em suas proposições centrais, especialmente no que diz respeito à criação do mundo e à queda do homem. O apóstolo Paulo reforça essa visão ao escrever que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça” (2Tm 3:16). Se Gênesis fosse meramente um conjunto de alegorias, perderia seu valor como base para a doutrina cristã.

2. O Fundamento da Doutrina Cristã na Criação Literal

A negação da historicidade de Gênesis mina o fundamento doutrinário do cristianismo. Cristo e os apóstolos referenciaram Adão, Eva, Noé e o dilúvio como eventos históricos (Mt 19:4-5; Lc 17:26-27; Rm 5:12-19). A queda de Adão é o motivo pelo qual a humanidade necessita de redenção em Cristo. Paulo ensina que “por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte” (Rm 5:12), estabelecendo um paralelo direto entre o pecado de Adão e a obra redentora de Cristo. Se Adão e Eva não foram pessoas reais e a queda não foi um evento literal, então a doutrina do pecado original e a necessidade da expiação tornam-se conceitos vagos e simbólicos, minando a própria base do Evangelho.

3. A Interpretação Gramatical-Histórica e o Testemunho da Igreja

Os reformadores enfatizavam a interpretação gramatical-histórica das Escrituras, rejeitando o alegorismo como um método hermenêutico não confiável. João Calvino, em seu Comentário sobre Gênesis, reafirmava a historicidade do relato da criação e a literalidade dos eventos narrados. Ele advertia contra aqueles que, “em sua vã curiosidade, se lançam a especulações além do que a Escritura ensina”. O próprio texto de Gênesis não apresenta indicações internas de que deva ser interpretado alegoricamente. A estrutura literária do relato da criação segue um padrão de narrativa histórica, com frases como “E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro” (Gn 1:5), o que indica uma sequência cronológica real.

4. O Perigo da Interpretação Alegórica

A abordagem alegórica do Gênesis abre precedentes perigosos para a interpretação das Escrituras. Se Gênesis não deve ser entendido literalmente, então onde se traça o limite? A ressurreição de Cristo também pode ser vista como uma metáfora? O juízo final seria apenas uma ideia simbólica? Além disso, a alegorização de Gênesis frequentemente é motivada por uma tentativa de harmonizar a Bíblia com filosofias seculares e teorias naturalistas. No entanto, a Igreja Reformada defende que a Escritura é a revelação especial de Deus, que deve ser recebida com fé, independentemente de pressões culturais ou acadêmicas.

Conclusão

O ensino reformado é claro em afirmar que Gênesis deve ser interpretado como um relato literal e histórico. Negar essa realidade é comprometer as doutrinas fundamentais do cristianismo, incluindo a criação, a queda e a redenção. A Igreja deve permanecer firme na autoridade das Escrituras, rejeitando tentativas de reinterpretação que enfraquecem a fé cristã e afastam a doutrina bíblica de sua base segura.


CONTEÚDO EXTRA

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