A refutação das heresias do Catolicismo Romano e do Catolicismo Ortodoxo com base na doutrina reformada pode ser feita considerando os principais pontos de divergência doutrinária, fundamentando-se nas Escrituras como única regra de fé e prática, e na centralidade da justificação pela fé somente. A doutrina reformada enfatiza a soberania de Deus, a suficiência de Cristo, e a autoridade absoluta da Palavra de Deus. Aqui estão os pontos principais de uma refutação bíblica:
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Sola Scriptura (Somente as Escrituras)
- Catolicismo Romano e Ortodoxo: Ambas as tradições afirmam que a autoridade doutrinária é compartilhada entre as Escrituras, a Tradição e os Concílios/Episcopado (Magistério). No Catolicismo Romano, o Papa é visto como a autoridade suprema, com o poder de definir dogmas infalíveis. No Catolicismo Ortodoxo, a tradição dos Concílios Ecumênicos é igualmente elevada à posição de autoridade.
- Refutação: A doutrina reformada sustenta que somente as Escrituras são a Palavra de Deus inspirada e, portanto, são a autoridade final para todas as questões de fé e prática. De acordo com 2 Timóteo 3:16-17, “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”. Tradições humanas e concílios, embora possam ter valor histórico ou pastoral, não têm a mesma autoridade das Escrituras e podem levar a erros quando colocados em pé de igualdade com a Palavra de Deus (Mateus 15:6-9).
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Sola Fide (Somente a Fé)
- Catolicismo Romano: A Igreja Católica Romana ensina que a justificação é pela fé e pelas obras, com a graça sendo mediada pelos sacramentos, especialmente o batismo e a penitência, como necessários para a salvação. Os méritos dos santos e indulgências também podem contribuir para a salvação.
- Catolicismo Ortodoxo: A Igreja Ortodoxa também enfatiza a cooperação entre a graça e os esforços humanos, ensinando a “teose” (divinização) como processo de salvação, onde o cristão se torna mais como Deus por meio de uma vida de santidade e sacramentos.
- Refutação: A doutrina reformada ensina que somos justificados diante de Deus somente pela fé, sem as obras da lei. Como está escrito em Romanos 3:28, “concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”. A justificação é um ato de Deus pela graça, em que os pecadores são declarados justos com base na obra perfeita e suficiente de Cristo. Essa justiça nos é imputada pela fé, sem a necessidade de méritos próprios ou obras. Efésios 2:8-9 declara claramente que “pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.”
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A Suficiência de Cristo e Sua Obra (Sola Christus)
- Catolicismo Romano: Embora afirme a centralidade de Cristo, o Catolicismo Romano adiciona mediadores entre Cristo e o homem, como Maria, os santos e o sacerdócio. A intercessão de Maria e dos santos é incentivada, e a missa é vista como uma repetição não-sangrenta do sacrifício de Cristo.
- Catolicismo Ortodoxo: Também promove a veneração dos santos e ícones como mediadores entre os fiéis e Deus, além de ver a Eucaristia como um re-apresentar do sacrifício de Cristo.
- Refutação: A doutrina reformada ensina que Cristo é o único mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5) e que Seu sacrifício na cruz foi completo e suficiente para a expiação dos pecados (Hebreus 9:26-28). Não há necessidade de mediadores adicionais como Maria ou os santos. A obra de Cristo é perfeita e final, e qualquer tentativa de adicionar a essa obra é uma negação da suficiência de Cristo.
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Sola Gratia (Somente a Graça)
- Catolicismo Romano e Ortodoxo: Em ambas as tradições, a graça de Deus é necessária para a salvação, mas é concedida através dos sacramentos e envolve a cooperação humana.
- Refutação: A salvação é inteiramente pela graça de Deus, sem qualquer mérito humano (Efésios 2:8-9). A doutrina reformada ensina que o homem está espiritualmente morto em seus pecados e incapaz de buscar a Deus por si mesmo (Efésios 2:1-5). Somente a graça de Deus, que é concedida soberanamente, pode vivificar o pecador e levá-lo à fé em Cristo.
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Culto e Veneração a Imagens, Santos e Maria
- Catolicismo Romano e Ortodoxo: A veneração a Maria, santos e ícones é central em ambas as tradições. No Catolicismo Romano, Maria é chamada de “Mãe de Deus”, “Rainha do Céu” e “Mediadora de Todas as Graças”, sendo alvo de orações e devoções.
- Refutação: A doutrina reformada se opõe firmemente à veneração de imagens e santos, considerando-a uma violação do segundo mandamento (Êxodo 20:4-5). Somente Deus é digno de culto e adoração. O Reformador João Calvino argumentou fortemente contra a veneração de imagens e santos, afirmando que isso desviava a devoção devida somente a Deus. Além disso, Jesus Cristo ensina que a adoração deve ser “em espírito e em verdade” (João 4:24), sem a mediação de ícones ou figuras humanas.
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O Papado e a Infalibilidade Papal
- Catolicismo Romano: A Igreja Católica Romana ensina que o Papa é o sucessor de Pedro, o “vigário de Cristo” na terra, com autoridade infalível para definir dogmas.
- Refutação: A doutrina reformada rejeita a ideia de uma autoridade humana infalível. Somente Cristo é a cabeça da Igreja (Colossenses 1:18), e a autoridade final pertence às Escrituras, não a qualquer líder humano. A doutrina da infalibilidade papal é vista como uma usurpação da autoridade divina e uma invenção posterior que não tem base nas Escrituras.
Conclusão
A doutrina reformada refuta tanto o Catolicismo Romano quanto o Ortodoxo com base na centralidade das Escrituras como única autoridade, na justificação somente pela fé, na suficiência de Cristo e Sua obra, e na rejeição de mediações humanas e tradições extra-bíblicas. Esses pontos fundamentais são defendidos com base no princípio de que a Palavra de Deus é a única regra de fé, prática e autoridade infalível para a Igreja.