Desde os primeiros séculos da era cristã, a Igreja enfrentou diversas heresias que ameaçaram a pureza do evangelho. Entre elas, o Arianismo foi uma das mais perigosas e influentes. Surgido no início do século IV, o Arianismo atacou diretamente a divindade de Cristo, negando um dos fundamentos centrais da fé cristã: a plena igualdade do Filho com o Pai. A doutrina reformada, herdeira da fé apostólica e dos concílios ecumênicos fiéis à Escritura, condena tal ensino como falso, antibíblico e destruidor da verdadeira fé cristã.
O Que é o Arianismo?
O Arianismo tem origem em Ário, presbítero de Alexandria (c. 256–336 d.C.). Ele ensinava que o Filho de Deus não era eterno, mas uma criatura exaltada, feita por Deus antes da criação do mundo. Para Ário, o Verbo (Logos) não era da mesma essência do Pai, mas subordinado, e portanto não plenamente Deus.
A famosa frase atribuída aos seguidores de Ário era:
“Houve um tempo em que Ele [o Filho] não existia.”
Essa negação da eternidade e consubstancialidade do Filho levou ao cisma e ao Concílio de Nicéia (325 d.C.), que respondeu com firmeza, afirmando que o Filho é:
“Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial (homoousios) com o Pai.”
A Resposta da Doutrina Reformada
A doutrina reformada, enraizada na sola Scriptura, afirma com clareza a divindade plena, eterna e consubstancial de Jesus Cristo. As confissões reformadas, como a Confissão de Fé de Westminster (1646), declaram:
“No ser da Divindade há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, de uma substância, poder e eternidade; Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo” (CFW II.3).
1. Cristo é Eterno
A Escritura afirma claramente que Cristo não teve começo, mas é eterno:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (João 1:1)
“Antes que Abraão existisse, EU SOU.” (João 8:58)
2. Cristo é Deus de Verdade
Negar a divindade de Cristo é minar o evangelho. Somente um Redentor plenamente divino poderia satisfazer a justiça de Deus e redimir pecadores:
“Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.” (Colossenses 2:9)
“…aguardamos a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.” (Tito 2:13)
3. Cristo é da Mesma Essência do Pai
A fé reformada insiste que o Filho é da mesma substância do Pai, não semelhante apenas. Ele compartilha a mesma glória, poder, eternidade e majestade:
“Eu e o Pai somos um.” (João 10:30)
O Perigo Contínuo do Arianismo
Embora condenado como heresia, o Arianismo continua ressurgindo ao longo da história sob novas roupagens. Seitas modernas como as Testemunhas de Jeová ecoam o ensino de Ário, negando a plena divindade de Cristo e promovendo uma cristologia herética. A doutrina reformada alerta contra essas distorções, chamando os crentes a permanecerem firmes na verdade revelada nas Escrituras.
Conclusão
O Arianismo é uma grave heresia que fere o coração do evangelho, nega a glória de Cristo e ameaça a salvação dos homens. A doutrina reformada, fiel às Escrituras e à tradição cristã ortodoxa, rejeita veementemente essa falsa doutrina. Confessamos com alegria que Jesus Cristo é plenamente Deus, coeterno com o Pai e digno de adoração.
“Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai; aquele que confessa o Filho tem também o Pai.” (1 João 2:23)
Soli Deo Gloria.